Eleições 2018: Organizar a Resistência! Elementos de Balanço

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ORGANIZAR A RESISTÊNCIA!

Elementos para o balanço do segundo turno eleitoral de 2018

Avaliação preliminar apresentada aos companheiras e companheiros do DAP que ainda deverá integrar a discussão nas instancias do partido.

Com os votos de significativos 32% do total de eleitores, o candidato do PT, Haddad, perdeu estas eleições para Bolsonaro, candidato da extrema-direita, apoiado pela classe dominante contra o PT no 2o turno, com 39% dos eleitores. Mas 29% do eleitorado se absteve, votou em branco ou nulo.
O primeiro cumprimento que o vencedor recebeu foi de Donald Trump, expressão da expectativa de Washington aprofundar a ofensiva em curso contra a soberania e os direitos dos povos do continente.
De fato, o resultado, somado à conquista pela extrema-direita dos governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, num primeiro momento, põe os setores populares e democráticos na defensiva. Já ontem à noite, incidentes levavam intranquilidade à família trabalhadora e aos oprimidos.
Após o discurso mistificador e contra “comunistas e socialistas” de seu líder, o economista-assecla Paulo Guedes, anunciou a “eliminação dos encargos trabalhistas sobre a folha de pagamentos”, enquanto seus pares banqueiros elogiaram o “funcionamento das instituições” pedindo “urgência nas reformas” (Bradesco), especialmente, como sabemos, a da Previdência.

É hora de organizar a resistência em defesa dos direitos, de refletir sobre os erros e acertos na luta e, assim, preparar a contra-ofensiva.

Haddad tinha razão na noite do 2o turno de exortar “a coragem” contra o medo, “estamos aqui juntos”. Mas face ao desastre, não é razoável acenar com “eleições daqui a quatro anos”, uma eternidade que o povo não merece. Nem é inteligente se fixar em “garantir as instituições” – podres, essa é a verdade! -, as quais deveriam ser reformadas de cabo a rabo.
Afinal, um elemento da derrota eleitoral sofrida, foi a inversão de papéis pelo farsante, que se fez passar por “anti-sistema”, ele, que emerge diretamente do esgoto do sistema que a Constituição de 1988, sempre emendada para pior, manteve: os militares impunes, o Judiciário cúmplice, a representação corrupta e a iníqua desigualdade social.
Foi das instituições desta Constituição que perseguem o PT há mais de uma década que saiu o golpe do impeachment. Foram elas que puseram Lula na cadeia, para impedi-lo de vencer estas eleições. Cúmplices da manipulação eleitoral fraudulenta desde o 1o turno, as instituições assistiram à coação ilegal dos trabalhadores nas empresas, à orquestração dos TREs e PMs contra nós, a ação também ilegal de certas igrejas, e deixaram impune o crime eleitoral do caixa 2 que financiou a industria de fake news no Whatsapp. Ou não é verdade?
Não temos muito que esperar desse sistema, como está.
É hora de organizar a luta contra Temer-Bolsonaro. Já perdemos muito tempo correndo atrás de certas figuras para uma “frente democrática” que não existe – para isso, até se tirou precipitadamente a Constituinte do programa no 2o turno, e nada.
A única frente que pode e deve existir é a frente em defesa dos direitos sociais e trabalhistas e pela democracia, para abrir caminho para as principais reformas de nosso programa. Não há real democracia sem direitos, nem direitos inteiros sem democracia!

A situação é difícil, mas não é sem saída

No dia seguinte às eleições, o Estadão que, de fato, apoiou Bolsonaro contra o PT, reconhecia em editorial que fora “um salto no escuro”, revelando a insegurança dos poderosos com a eleição de “um obscuro parlamentar de discurso raivoso e vazio que apelou aos sentimentos primários”.
É fato que o PT foi o único dos grandes partidos que sobreviveu ao desmoronamento do sistema partidário, e tem as condições de liderar os movimentos sindicais, democráticos, populares e da juventude. O PT pode e deve combater todas e cada uma das medidas da pauta reacionária, travando o governo Bolsonaro.
É certo que o PT perdeu 7 milhões de votos, comparado ao 2o turno de 2014. É ainda uma conseqüência de frustrações da base popular em 13 anos de governo com muita conciliação, apesar do legado das conquistas do período que se somaram à perseguição judicial e midiática.
É preciso, pois, ir mais longe no balanço iniciado no 6o Congresso do PT no ano passado, para reconectar o partido com a base e as periferias, depois de sairmos do fundo do poço que foram as eleições municipais de 2016, quando fomos reduzidos a 40% da representação anterior.
Agora, ainda assim, o PT manteve a maior bancada na Câmara de Deputados, e vários governos estaduais no Nordeste, uma base de massas e uma trincheira segura para, a partir da resistência, organizar a contra-ofensiva popular. Pois mesmo eleitores do outro, se levantarão quando virem a realidade das suas medidas, e nos encontrarão juntos na luta. À condição de não nos amarrarmos às instituições podres.

Campanha Lula Livre!

Nesse sentido, a primeira grande conseqüência prática deste balanço é retomar e colocar na rua uma grande campanha por Lula Livre.
Nenhum acomodamento cabe com uma situação que não tem nada de normal e cuja maior evidencia, aos olhos do povo, é que o maior líder popular do país, Lula, se encontra injustamente preso.
Chave da situação, a luta por Lula Livre é, também, a melhor maneira de reverter o antipetismo, em parte ancorado na pauta “anticorrupção” exacerbada pela classe dominante.
É uma batalha, no fundo, para ajudar a capacitar efetivamente o PT a abrir um futuro de esperança para a nação.

São estes pontos que submeto às discussões que o DAP e o seu Comitê Nacional organizam após o segundo turno, de modo a ajudar a preparar o partido para a nova fase de dura luta de classes que se abre.

Não subestimar o inimigo, não cair nas provocações que ele multiplica mesmo antes de assumir o governo, não se deixar levar pelo movimentismo ou protestos inconsequentes, senão, concentrar a energia para a defesa em lutas decisivas.
Não se eletrizar pelos boatos, mas cuidar da nossa própria proteção.
Sobretudo, não baixar as bandeiras e jogar toda força na nossa organização, e na organização do povo trabalhador para a resistência!

29 de Outubro de 2018
Markus Sokol,
membro da Comissão Executiva Nacional do PT

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2 thoughts on “Eleições 2018: Organizar a Resistência! Elementos de Balanço

  • 30 de outubro de 2018 em 02:02
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    Aqui faltou ressaltar que tb nenhuma providencia foi tomada quanto ao ataque da caravana do Lula, no sul e os ataques no acampamento em Curitiba. Creio que nao obtivemos uma resposta a altura.

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  • 26 de novembro de 2018 em 13:14
    Permalink

    VAMOS AJUDAR O PRESIDENTE LULA, SUA FAMÍLIA E AINDA PRATICAR UM GRANDE ATO DE RESISTÊNCIA

    Todo mundo dizendo que Lula está abandonado, acabrunhado, isolado, sem suporte. Tenho uma proposta singela para execução imediata, a se fazer enquanto os acontecimentos jurídicos não nos permitem agir de outra forma.

    O que mais entristece um pai de família preso, e mais o desespera, é a situação de sua família lá fora. Mais de uma vez já ouvi Lula dizer que seus filhos estão desempregados. Ora, seus bens estão bloqueados, não é isso? É o tipo de problema que deve deixar o Presidente Lula extremamente angustiado, e seus inimigos rindo às gargalhadas. Devem pensar: Liquidamos você, humilhamos você, retiramos até as suas coisas básicas. O tom da juíza que o diga.

    Proponho que o PT coordene uma campanha de arrecadação de fundos, que seja nacional e internacional, que conte com o apoio de movimentos sociais, CUT, sindicatos, UNE, outros partidos políticos que não o PT para arrecadarmos 10 milhões de reais para a família de Lula.

    Será se não existem 1 milhão de pessoas que amam esse homem, e que estariam dispostas a colaborar com 10 reais para esse empreendimento?

    Claro que existem. O problema dessas vaquinhas é que elas normalmente não são bem divulgadas, nunca chegam ao povão. Até mesmo para gente experimentada como nós, às vezes é difícil colaborar. Eu, nas vezes que optei por pagar colaborações na campanha eleitoral com boleto, nunca consegui. Só entrava pelo cartão de crédito. E mesmo assim após vários salamaleques.

    Se for uma campanha bem feita, com empenho de todos nós para sua divulgação, com maneiras fáceis de se realizar a doação, além de ser um fator causador de alegria e tranquilidade para nosso querido Presidente, também será um ato de resistência e oposição contundente.

    Será uma bofetada na cara dos que querem destruir a Esquerda (diga-se PT). Será como se disséssemos: Pensavam que iam destruir o Presidente Lula? Retirar todos os seus bens, jogá-lo na cadeia e liquidá-lo e à sua família? Negativo. Por trás deles há milhões. Achavam que só vocês tinham dinheiro doado pelos irmãos Koch, pelos Institutos Liberais variados, pelas petroleiras?

    Será um ato político de divulgação muito importante. Muita gente ainda pensa, lá no seu íntimo, que Lula deve estar “cheio da grana”. Que o filho dele é milionário. Uma campanha assim, para ajudar a família, terá forte efeito contra essas fake News tão amplamente divulgadas.

    Uma campanha dessas ainda ajudará a chamar a atenção internacional para o caso, coisa que precisamos tanto, de apoio internacional, pois até lá no exterior tem muita gente boa que fica ressabiada em apoiar, já que a acusação contra Lula é de que é um ladrão de bens públicos. Ora, um ladrão não deveria necessitar de campanhas de ajuda para socorrer a família desamparada. Se ele está preso e a família desempregada e sem meios, é porque não era um ladrão assim como está pintado. Entenderam? Tem uma função semiótica de quebrar barreiras de desconfiança.

    Com a palavra o PT, que é o único que tem estrutura para coordenar semelhante campanha, com o nosso apoio.

    Resposta

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