Comunicado do Bureau Nacional do Partido Operário Independente (POI)

Primeiro turno das eleições presidenciais na França
Constituiu-se um poderoso “polo popular”
Nem Le Pen, nem Macron!


No primeiro turno da eleição presidencial, uma imensa raiva expressou-se contra Macron, contra esse regime, essas instituições, para varrê-los, para afastá-los. Um poderoso movimento popular voltou-se para Jean-Luc Mélenchon, que obteve 22% dos votos, apesar dos obstáculos erguidos contra sua candidatura. Quase oito milhões de trabalhadores, de jovens, votaram pela orientação de ruptura que ele incorporou ao longo de sua campanha. Ruptura com a política de Macron e de todos os governos que o precederam.

Entre os jovens de 18 a 34 anos, Mélenchon é o primeiro colocado, com mais de 30% dos votos. Os bairros populares votaram maciçamente em Mélenchon. Um exemplo entre muitos outros: em Saint-Denis (93), o candidato da União Popular obteve 61% dos votos (20 pontos a mais que em 2017 e com aumento de participação nas urnas). Nas grandes cidades, em Toulouse, Montpellier, Nantes, Lille, Marselha… Na Ile-de-France, Mélenchon ficou em primeiro lugar.

Este movimento poderoso que faz parte da continuidade da resistência, da rejeição, que tem se manifestado na classe trabalhadora e na juventude durante todo o mandato de cinco anos de Macron: a revolta dos Coletes Amarelos, a poderosa greve contra a reforma da previdência, a resistência contra as medidas liberticidas de Macron…

Ao mesmo tempo, todos os partidos tradicionais, de esquerda e de direita, que se sucederam à frente da 5ª República, desmoronam e são esmagados (o que também se expressa na abstenção, uma rejeição de todos os partidos institucionais da 5ª República). A soma dos votos do PS e do PC coloca esses dois partidos em 4%. O total de Valérie Pécresse, candidata dos republicanos, herdeiros do partido gaullista que fundou e vertebrou a 5ª República, é inferior a 5%.

A pontuação de Le Pen (23%) é o produto da política de Macron, que não parou de alimentar a extrema-direita, e do colapso da direita.

Macron e Le Pen estão no segundo turno. Um cenário cuidadosamente preparado durante meses e apoiado pelas candidaturas divisionistas que se colocaram contra Mélenchon. Em 11 de abril, Adrien Quatennens (União Popular) declarou: “Sem dúvida, sentimos falta dos votos de Fabien Roussel” (candidato do PCF, NdT). Ele está certo! No final do primeiro turno, todos podem constatar os resultados.

No seu comício em Marselha, Mélenchon descreveu Macron e Le Pen: “Macron é o programa econômico de Le Pen, mais o desprezo de classe. Le Pen é o programa econômico de Macron, mais o desprezo racista”.

Hoje, Macron chama à unidade atrás de si, dizendo: “Peço (…) para nos unirmos em um grande movimento político de unidade e ação pelo nosso país”. E, de fato, de Roussel a Pécresse, passando por Hidalgo (PS) e Jadot (verdes), todos, assim que os resultados foram anunciados, correram para chamar o voto em Macron. Eles até o anunciaram com antecedência. No plano sindical soma-se a eles Laurent Berger da CFDT… Que não venham de novo com o golpe da frente republicana e da união nacional atrás de Macron!

Na noite de 10 de abril, Mélenchon disse: “Vocês não devem dar um único voto a Marine Le Pen”. E acrescentou: “Os franceses são capazes de saber o que fazer”. Certamente! De nossa parte, o que faremos é: nenhum voto para Le Pen, nenhum voto para Macron, no seu programa, na sua aposentadoria aos 65 anos! Temos total confiança nesses milhões que votaram em Mélenchon e que constituem uma formidável força de resistência. Estamos totalmente convencidos de que o que quer que eles decidam, certamente não será uma aprovação de Macron ou de Le Pen. Continuaremos unidos.

Às vésperas do primeiro turno, por iniciativa do POI e da NAR (Nova Corrente de Esquerda) da Grécia, foi realizada uma conferência europeia de emergência contra a guerra, na qual participaram militantes e diversas organizações de 19 países. No centro desta conferência estava a recusa de qualquer união nacional com governos belicistas, a defesa da independência de classe, dos trabalhadores e de suas organizações em toda a Europa e particularmente na França. É um fato: a guerra na Ucrânia é hoje usada pelos governos europeus, por Macron na França, para justificar um aumento sem precedentes desde 1945 nos gastos militares, e o que deve sem dúvida ser chamado de transição para uma economia de guerra. O candidato Macron promete sacrifícios. Ele anunciou que vai ser preciso trabalhar mais, que a idade de aposentadoria terá que ser aumentada para 65 anos…

Diante dos militantes da União Popular reunidos no Circo de Inverno na noite de 10 de abril, Mélenchon declarou “Batalhas estão chegando diante de vocês (…). Na batalha que está por vir, nós constituímos o polo popular”. Haverá confronto, inevitavelmente. Toda a situação exige a continuação e a ampliação “dessa imensa força que construímos” (Mélenchon, 10 de abril). Nós fazemos parte disso! Convidamos a todas e a todos para que participem do fortalecimento deste polo popular.

Segunda feira, 11 de abril de 2022

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