O Congresso inimigo do povo e os grandes empresários salvarão o Brasil de Trump ?
A agressão imperialista de Trump de aumento de alíquotas de importação sobre produtos brasileiros justificados pela, segundo ele, perseguição a Bolsonaro e possível condenação no processo contra Bolsonaro pelo golpe de estado em janeiro de 2023, provocou inúmeras reações internas.
A reação de Lula ao ataque de Trump, potencializada pela indignação popular contra o Congresso “inimigo do povo”, repercutiu na melhora da popularidade do governo. A aprovação, segundo a recente pesquisa Genial/Quaest, aponta a queda da desaprovação, o aumento da aprovação, e, em consequência, o favoritismo de Lula no 1º turno e no 2º turno em 2026 contra a direita ou a extrema-direita.
Na pesquisa, 72% desaprovam a taxação de Trump enquanto somente 19% aprovam. De fato, há uma crise no bolsonarismo envolvendo aliados como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o filho Eduardo Bolsonaro.
Os ventos desta estação mudaram. Depois da crise de desconfiança sobre o Pix, o desgaste com aposentados no INSS e a alta dos preços dos alimentos, as perspectivas são outras. As ações de Trump não tem apoio popular e a liderança de Lula só faz crescer, como trincheira da soberania, contra os super-ricos, os “traidores da pátria” e até o Congresso que teve vetada a sua própria ampliação imoral.
Cautelosos porque haverá eleições no ano que vem, os políticos do Centrão até criticam a “agressão” (Alcolumbre) americana. A mediação do IOF no STF caminha para uma solução, o relator do projeto de isenção do IR até R$ 5 mil, Arthur Lira (Progressistas/AL) deu andamento. Mas seguem os conflitos com a aprovação da lei de desregulamentação ambiental e o assalto de 30 bilhões do agro no Fundo Social (!) do Pré-sal.
As organizações empresariais, por sua vez, já evitam falar de reciprocidade, mas aceitam sacrificar no altar das multinacionais certos “segmentos” nacionais, como dizem, em benefício de seus interesses setoriais, mediante negociação.
Reciprocidade ou negociação?
Diferentemente de outros países, onde os Estados Unidos tem déficit comercial a exigência de Trump é política.
O governo brasileiro anunciou colocar em ação medidas de reciprocidade. Trump não recuou, pelo contrário, retomou o ataque em inédita carta a Jair Bolsonaro e abriu investigação contra o Pix, o comércio popular da 25 de março, ações de responsabilidade das redes sociais e o acesso ao mercado de etanol.
O Brasil já teve dez conversas com autoridades dos Estados Unidos desde março (sic!). A esta altura cabe a pergunta: negociar o que? Entregar setores da economia? Livrar a cara de Bolsonaro e dos generais golpistas?
A ofensiva de Trump não mudou a natureza das instituições nem da burguesia atrasada, há séculos subordinada às grandes potências, no último período aos Estados Unidos. Enfrentar Trump com firmeza exige apoio com uma pauta econômica – reciprocidade, quebra de patentes e controle das remessas de dividendos das multinacionais – e uma pauta social, com medidas como a garantia real de proteção dos empregos ameaçados pelo tarifaço e avançar no fim da escala 6×1.
Marcelo Carlini, suplente do DR PT/RS