Bandeira americana da Paulista perdeu o round; a tutela militar saiu arranhada, falta a “saudável árvore”

Jair Bolsonaro e mais sete réus foram condenados pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado por tentativa de golpe, entre outros crimes. Perderam aqueles que comemoravam a “mão peluda do imperialismo” (expressão andina) e haviam estendido a bandeira estadunidense no Dia da Independência do Brasil. Ganharam os que lutam por direitos e um país verdadeiramente soberano. Neste round, a inédita condenação de quatro generais de quatro estrelas e um almirante, além de Bolsonaro, arranha a histórica tutela fardada.

Marco Rubio, secretário de Estado de Trump, foi claro: “As perseguições políticas pelo violador de direitos humanos e alvo de sanções Alexandre de Moraes continuam, enquanto ele e outros no Supremo Tribunal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos darão resposta à altura a essa caça às bruxas”. Não menos ameaçadora, na semana do julgamento, a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, afirmou que o “presidente não tem medo de usar o poder econômico e o poder militar dos EUA para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”.

No Brasil, a tentativa de ingerência imperialista no julgamento, o tarifaço e o bandeirão criaram dificuldades aos “patriotas” de verde-amarelo, a ponto de forçar o conselheiro de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, uma espécie de Rasputin (padre conselheiro do Tzar) tropical, a especular se o lábaro azul, vermelho e branco estendido não teria sido uma artimanha da esquerda (sic!).

O juiz da peruca foi o único voto dos golpistas. Otávio Fakhoury, empresário bolsonarista e ex-gestor do antigo banco Lehman Brothers nos Estados Unidos, afirmou que o ministro Luiz Fux se encontrou com pessoas ligadas ao Departamento de Estado dos EUA antes de assumir seu posicionamento.

Fato é que seu longo voto encomendado acusa um “cerceamento de defesa” que dá o pretexto para Trump invocar a Convenção Americana dos Direitos Humanos. Fux também clama a nulidade do processo contra a “competência Supremo para conduzir o caso”, coisa de primeira instância, o que dá combustível para a pretensa anistia da direita.

Com a condenação, há na maioria do povo um sentimento positivo. As pesquisas indicam o crescimento da aprovação de Lula, junto com a inflexão de rumos do governo. O slogan “União e reconstrução” foi substituído pelo “Governo do lado do povo”, com a afirmação da soberania nacional e, agora, campanha institucional pelo fim da 6×1. Aquilo que o DAP defendia, como única via de evitar a ruína, virou peça de campanha publicitária.

Contudo, Trump não desistiu e terá seu candidato em 2026. Muito menos os militares condenados são as “são maçãs podres na saudável árvore das Forças Armadas”, como afirmou o juiz relator, Alexandre de Moraes. Afinal, dos três comandantes presentes na famosa reunião golpista com Bolsonaro somente Garnier, da Marinha, foi denunciado e condenado, os demais não.

O julgamento continua, mas estas condenações atingiram a impunidade histórica, nesse sentido, arranham a tutela militar. Mas ela continua aí, mesmo encolhida, e só acabará com a revogação da sua expressão atual no artigo 142 da Constituição.

Essa e outras questões de fundo estão colocadas, é assim que será possível vencer e passar o país a limpo.

Marcelo Carlini – Membro do Diretório Regional PT/RS

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