Vitória de Mamdani em NY: 3 milhões de visitas, programa claro e derrota do establishment

A vitória de Zohran Mamdani, do militante do DSA (em português, Socialistas Democráticos da América), na noite desta terça-feira (4) em Nova York, atráves partido Democrata, provocou um terremoto nos Estados Unidos. Trata-se de uma derrota de Donald Trump e do establishment do próprio partido pelo qual concorreu. Trump, num ato de desespero, pediu votos no candidato independente Andrew Cuomo, ex-governador democrata do Estado, em detrimento do republicano Curtis Sliwa. Já Obama, só declarou apoio a Mamdani apenas três dias antes do pleito.

Com 93% dos votos contados, Mandami recebeu 1.036.051, mais que o prefeito antecessor Eric Adams, também do partido Democrata que recebeu 753.801. O número de eleitores que compareceram às urnas também subiu, desde 1969 o total de eleitores não superava os 2 milhões.

Numa caricatura, a imprensa brasileira deu destaque a sua facilidade de se comunicar através das redes sociais. Contudo, um dos fatores que o levou a vitória é ele mesmo que explica: “No lançamento desta campanha, anunciamos nossa meta de bater em um milhão de portas nos cinco distritos de Nova York antes das primárias de junho. Algumas pessoas riram. Nós nos mobilizamos. Chegamos a 1,6 milhão. Para a eleição geral, dissemos a nós mesmos: Vamos fazer de novo! Mais um milhão!”. E concluiu: “Acabamos de passar dos três milhões.”

No mesmo dia 4, o Comitê Político Nacional do DSA publicou uma declaração que reforça a dimensão da força social mobilizada “Este movimento foi impulsionado por mais de 100.000 voluntários e milhões de eleitores. Milhares de membros da DSA em Nova York desempenharam papéis cruciais na campanha como funcionários e voluntários: batendo de porta em porta, ligando para eleitores, conversando com colegas de trabalho e organizando-se em nossos sindicatos e comunidades.”

A nota também destaca pontos do programa que animaram a campanha: “Aguardamos ansiosamente a oportunidade de lutar ao lado do prefeito Mamdani para conquistar o congelamento dos aluguéis, ônibus rápidos e gratuitos e creches universais. Continuaremos a lutar por uma Palestina livre, para expulsar o ICE de nossas cidades, para lutar por alternativas ao policiamento que realmente protejam as comunidades e para resistir aos ataques de Donald Trump aos nossos serviços sociais.”

O chamado à luta é justo e necessário. Não só pela resistência que virá da oligarquia derrotada nas urnas mas também do establishment. A governadora democrata de Nova York, Kathy Hochul, já se declarou contrária ao aumento de impostos para financiar ao programa eleito.

Em seu discurso de vitória, sob aplausos efusivos Mamdani recusou a via da conciliação: “Se, ao invés de contemporizarmos, nós enfrentarmos corajosamente as oligarquias e seu autoritarismo, vamos respondê-las com a força do povo que elas temem e não com o apaziguamento que elas desejam! (…) afinal, se alguém pode mostrar a uma nação traída por Donald Trump como derrotá-lo, é o povo trabalhador da cidade que deu origem a ele!” Sobre as perseguições do ICE, uma afirmação que está conectada com as manifestações que levaram milhões às ruas em 18 de outubro (No Kings) e que também tinham a questão dos migrantes na pauta: “Nova York vai continuar a ser uma cidade de imigrantes. Então ouça, presidente Trump, quando eu digo: para chegar a qualquer um de nós, terá de passar sobre todos nós.” E no final, provoca: “Donald Trump, sabemos que você está nos assistindo… eu tenho 4 palavras a você: ‘aumente bem o volume!”

Marcelo Carlini – Diretório PT/RS

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