O povo equatoriano pune o governo Noboa

Neste 16 de novembro de 2025, o povo equatoriano, de forma serena e consciente, expressou nas urnas um rechaço categórico ao referendo e à consulta popular convocados pelo governo neoliberal de Daniel Noboa — um governo estreitamente vinculado ao grande empresariado e ao sistema financeiro do país. O resultado constitui um triunfo popular, um triunfo do Equador que defende seus direitos e a Constituição de 2008.

O povo equatoriano afirmou com clareza ao governo, que não aceita a instalação de bases militares no Pacífico, no arquipélago de Galápagos (também santuário ecológico), com a vitória do NÃO por 60% dos votos. Rejeitou também, com 57%, a proposta de eliminar o financiamento estatal a partidos e movimentos políticos, reafirmando que a democracia deve representar o povo e não a elite econômica capaz de financiar suas campanhas. Na questão da redução do número de deputados, o NÃO venceu com 53%, mantendo a atual composição legislativa. E, na pergunta referente à elaboração de uma nova Constituição, o NÃO obteve 61%, ratificando a vigência da Carta de 2008 do tempo do presidente Correa, impedindo que o governo desmontasse direitos sociais e trabalhistas. Esses resultados se deram com 65% das urnas apuradas e participação de 82% do eleitorado, um índice expressivo que reforça a legitimidade do voto popular.

O governo tentou repetir a estratégia clientelista que o havia beneficiado nas eleições presidenciais de 2025 — distribuindo bônus, alimentos, gado e tratores em zonas rurais —, mas desta vez a tática fracassou. Suas declarações sobre eliminar a Previdência social, atacar os direitos dos trabalhadores e dos próprios militares, somadas a uma gestão marcada por erros e pela recusa ao diálogo com a oposição, cobraram finalmente o seu preço. Apesar disso, não há sinais de que o governo mudará de rumo após a derrota: tudo indica que seguirá insistindo na mesma forma autoritária e pró-mercado de governar.

Com este resultado, o povo equatoriano e os movimentos políticos e sociais — como os indígenas CONAIE (Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador) e o Pachakutik — celebram uma vitória importante contra a extrema-direita e a direita que hoje governam o país.

Everaldo Andrade, PT – São Paulo

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