Universidade de Chicago: “Voltaremos aos câmpus”
Publicamos a entrevista do jornal francês Informações Operárias com Evgeny Stolyarov, estudante em Chicago e membro da Voz Judaica pela Paz, sobre a luta pela Palestina nos acampamentos e câmpus.
Informações Operárias: Você participou da mobilização contra o genocídio aqui em Chicago. Você pode nos contar sobre isso?
Evgeny Stolyarov: É claro. Me organizei especificamente para tentar fazer com que os estudantes da Northwestern (Universidade do Noroeste), e especialmente os estudantes judeus, se unissem para dizer que, como judeus e pessoas mundo afora, acreditamos que todos devem ter direito à segurança, sejam eles negros ou brancos, estejam em Chicago, Palestina, França ou Rússia (onde nasci) contra o establishment político e os líderes políticos que se recusam a ouvir o povo.
Qual é a situação desse movimento?
E. S.: Na Northwestern, e em todos os campos dos Estados Unidos, muitos estudantes se lembram do movimento de acampamento, o movimento em defesa do povo palestino dos últimos dez meses.
Eles estão tentando aprender com isso e se organizar juntos em torno de uma bandeira unificadora, seja você judeu ou palestino, seja estudante estrangeiro ou americano. Para que, quando voltarmos no outono, ainda estejamos lá lutando até a libertação da Palestina e até a libertação daqui também, mesmo que as direções dos câmpus pensem que acabaram com nossas mobilizações.
Você ouviu falar sobre o que aconteceu no mundo, e mais particularmente na França, como na Sorbonne?
E. S.: Sim, houve estudantes, seja em Oxford, na Sorbonne ou em outros lugares, que se mobilizaram, e acho que há laços internacionais cada vez mais fortes entre os diferentes estudantes. Houve um compartilhamento de informações, um compartilhamento de táticas e um entendimento de que juntos estamos todos unidos pela mesma causa, no mesmo movimento, também estamos todos unidos contra as mesmas forças repressivas, seja a polícia de Chicago ou a polícia de Paris.
Como jovem, o que você acha da eleição, e o que está acontecendo hoje nos Estados Unidos?
E. S.: Acho que muitos estudantes veem as eleições em termos de líderes políticos, e acho que todos entendem que não se trata apenas da próxima eleição, mas que existem líderes políticos que ainda são capazes de tomar decisões. É por isso que, como estudantes do JVP (Vozes Judaicas pela Paz), estamos trabalhando para garantir que nossos líderes políticos nos ouçam e entendam que as eleições podem ser em novembro, mas as bombas estão sendo lançadas agora, e é hora de ter um embargo de armas agora.
Você pode explicar um pouco sobre a situação da universidade?
E. S.: O que vimos é que, nos diferentes tipos de universidades nos Estados Unidos, os governadores enviaram policiais estaduais para universidades públicas e, em universidades privadas como a Northwestern ou Chicago, enviaram suas próprias forças policiais sem precisar pedir ao governador.
As reitorias não estão lá como amigos, não como pessoas que defendem os valores teóricos de, você sabe, “nós ouvimos os alunos”, mas eles estão lá para evitar qualquer mudança da parte dos estudantes.
Também sabemos que daqui a cinquenta anos, em seus sites, todos dirão “estamos muito orgulhosos como universidade de ter uma longa história de estudantes, de ativismo, estamos tão orgulhosos de ter esses alunos” quando, na verdade, a universidade estava prendendo esses alunos cinquenta anos atrás.
Como você vê o desenvolvimento do movimento da juventude contra o genocídio na Palestina?
E. S.: Certamente veremos um aumento nas conexões internacionais.
Durante todo o verão houve muito esforço por parte dos estudantes em Paris, estudantes no Reino Unido, estudantes na Alemanha, estudantes nos Estados Unidos, em todo o mundo, para criar vínculos internacionais. Também veremos um monte de novas táticas. A tática de acampamento que foi muito eficaz e acho que será interessante de ver, no outono, quando os alunos voltarem, quais outras táticas serão usadas contra as direções dos câmpus.