Revoga já! Fizemos o L para isso

O Novo Ensino Médio (NEM) vem causando insatisfação nos estudantes e professores da rede pública. No dia 15 de março, convocados pela UBES, os estudantes foram às ruas pedir que o governo Lula revogasse o NEM. Após os atos, o governo recuou e suspendeu o cronograma de aplicação do Novo Ensino Médio. Não satisfeitos apenas com a suspensão, os estudantes marcaram novo ato para o dia 19/04 (UBES) e a CNTE está chamando greve para 26/04 para lutarem pela revogação imediata.

Abaixo segue a contribuição do DAP Osasco sobre o Novo Ensino Médio

Independente do discurso dos 100 dias de governo Lula, a razão pela qual estudantes, professores, intelectuais, famílias fizeram o L foi, e continua sendo, revogar o Novo Ensino Médio (NEM), criado por Temer, após o golpe contra Dilma Rousseff, democraticamente eleita. 

Desde as Conferências Nacionais de Educação, a batalha para implantar a lei do piso e as metas do Plano Nacional de Educação – notadamente aquelas da valorização profissional – entre outras lutas pela educação democrática e emancipatória, acumularam ideias e projetos. Claro que Temer e depois Bolsonaro nunca nos ouviriam e impuseram seu modelo de Ensino Médio limitador, instrumentalizado, superficial e medíocre.

Os jovens que frequentavam o Ensino Médio antes desse NEM cobravam melhores condições de ensino, oportunidade de praticar as aulas teóricas, de poderem verdadeiramente estudar conectados com espaços de estudo virtuais. Porém, o que foi feito está longe disso: reduziram, ou mesmo tiraram aulas das disciplinas de sociologia, filosofia. Até as decantadas português e matemática também tiveram suas aulas reduzidas. Retiraram 40% da jornada das aulas para os chamados Projetos de Vida e os Itinerários Formativos.

Para visualizar melhor:

60% – Disciplinas das 4 grandes áreas: Linguagem, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas;

40% – Itinerários Formativos (IF)das áreas. Alguns exemplos de IF: O que rola por ai?, Torne-se um milionário, Arte de morar, Ética e coaching, entre outros.

Nada contra ampliar conhecimentos, afinal “o saber não ocupa lugar”. Mas qual intenção de um Itinerário Formativo durar no máximo dois semestres letivos, ensinar (será que é isso?) decoração? Ou será economia doméstica no lar? Saber as dosagens certas para fazer um brigadeiro ou outros docinhos é a matemática? Vamos usar para a metodologia, a animação e a busca do interesse da galera, e não transformar em “disciplinas”?

Todavia, há uma questão que está um pouco mais embaixo: por que a manutenção do NEM está sendo defendida por alguns petistas que estão no ministério? Porque trazem como resultado o sistema educacional de parte do Ceará.

Uma administração bem elogiada ao longo dos últimos anos é a experiência no município de Sobral-CE e depois em todo o Estado do Ceará. Tendo como parceiros a Fundação Lemann, é provável que estejamos confundindo resultado alto com conteúdo reduzido. Não é o mesmo campo econômico, mas a mesma Fundação responsável pela falência das Americanas que está na gana de implementar o NEM.

Vamos partir do que nossa luta tem acumulado no campo da educação, proposta da CNTE, da UNE, das universidades. Queremos um Ensino Médio que traga e mantenha os jovens estudando, pesquisando, planejando e atuando na sociedade. Não é inventar a roda, é só buscarmos as bandeiras dos estudantes de todo país.

A campanha do #REVOGAJÁ não parece que vai esmorecer, há a Greve Nacional da Educação, dia 26 de abril.  Nós podemos reforçar a razão pela qual fizemos o L.

Mazé Favarão (Dap Osasco-SP)

Professora, ex-secretária de Educação de Osasco, ex-vereadora.

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